sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Pode?

Este blog é livre de predefinições temáticas justamente para que eu tenha a disponibilidade de um espaço que me sirva para narrar qualquer situação que possa gerar reflexão. Hoje, vou aproveitar dessa liberdade para soltar o verbo sobre algo comum em todo o Brasil, e diz respeito ao trânsito.

Estou agora às 00 horas e 26 minutos, digitando este texto. Minutos atrás, estava voltando de um evento promovido pela faculdade onde estudo, regressava de moto por volta das 23 e 30. No caminho, ainda perto da faculdade, existe um semáforo colocado em frente a uma funerária, num trecho sombrio por si só e com pouca iluminação.

O tal semáforo é estrategicamente colocado no meio de uma rua, sem cruzamento com qualquer outra, e serve apenas para facilitar a passagem de pedestres na região. Ocorre que, durante a noite, o fluxo de pedestres é praticamente inexistente e as condições de iluminação são precárias, isso aliado ao fechamento do comércio, torna o local um verdadeiro cenário de suspense.

Em meio a todo esse clima sombrio proporcionado por uma rua sem residências e com o comércio fechado, abrigando uma funerária que dá para a rua de trás, sob um luar soberano em matéria de luz, eu passava com minha humilde moto de 100 cilindradas, quando o semáforo resolve me sinalizar com o vermelho, dando aquela sentença: pare!

Eu até faço gosto de parar em semáforos, como sempre faço inclusive no que foi descrito aqui. Mas não nasci com um caroço de feijão no lugar do cérebro, e sei que por volta das 23 e 30 num lugar sombrio, com histórico de assaltos (agravante citado agora) não é seguro botar os pés no chão e parar para esperar o sinal contar até 60, enquanto nem se quer um cabelo atravessa voando na minha frente, e enquanto eu não sei quem é o estranho que caminha solitário na calçada.

Pelas razões citadas a cima e confiante na maleabilidade da lei, uma vez que já vi em várias ocasiões, carros cruzarem o mesmo semáforo enquanto ele sinalizava o vermelho, eu desci a mão no punho da moto e fui embora, sem querer dar nehuma colher de sopa ao azar. Qual não foi a minha surpresa quando naquele instante senti a rua tomada por um clarão que, aparentemente, dava conta do flash proveniente de foto tirada naquele momento.

Tendo em vista que não era noite com raios ou relâmpagos, não havia nenhuma equipe de jornal e ninguém tirando fotos à beira da rua, deduzi que aquela era a investida da STTrans (Superintendência de transporte e trânsito de João Pessoa) no sentido de materializar provas que venham a me colocar sob o manto da justiça punitiva.

Agora, se resolvem decretar que eu cometi uma "infração gravíssima" e eu tivesse apenas a Permissão para dirigir, teria minha permissão para dirigir cancelada, ainda tendo que pagar uma multa próxima dos 200 reais, que somada aos 500 que teria que gastar para tirar uma nova carteira chegaria facilmente aos 700 reais, que somados aos 480 para renovar o emplacamento no meio do ano que vem, ultrapassará bastante os 1000 reais (tudo além de todo o transtorno).

Eu teria uma despesa próxima do valor total do meu humilde veículo, inviabilizando totalmente sua manutenção. Tudo por passar depois das 23 horas por um semáforo solitário que queria que eu parasse no meio de um nada extremamente perigoso.

Pergunto:

Pode?

Tema abordado por sugestão do leitor Anderson.