O que é preciso para fazer uma rádio web?

Neste artigo vamos responder detalhadamente sobre aquilo que é preciso para fazer sua rádio web e tirar esse projeto do papel duma vez por todas. 

Bem menos burocrática do que uma FM, a web rádio não precisa de uma concessão. Ou seja, você não vai precisar abrir nenhuma solicitação e aguardar a aprovação do estado para colocar sua rádio no ar. A rigor, abrir uma web rádio é como abrir um canal no YouTube. Tendo acesso a internet e um e-mail, você faz lá seu cadastro e põe no ar. Entretanto, assim como no YouTube, você vai precisar ficar atento a direitos autorais, embora a cobrança em cima disso seja feita de modo bem diferente do que acontece no YouTube. É dessa diferença que a gente trata a seguir.

Enquanto no YouTube há um filtro automático para detectar as músicas usadas indevidamente, na sua web rádio não vai haver filtro nenhum! Na prática, se você usar apenas uma música com direitos autorais, o YouTube provavelmente vai aplicar sanções ao seu canal. Isso vai desde um aviso de infração até o bloqueio do seu canal. Na Web Rádio, por não haver qualquer filtro automático, você pode usar todas as músicas que quiser ao longo de anos e ela nunca será travada por isso. No entanto, há um Escritório que representa os artistas e faz arrecadação de direitos autorais - o ECAD. Ele é o responsável por fiscalizar onde há música protegida por direitos sendo usada em qualquer lugar, inclusive nas web rádios. Se um dia o ECAD chegar à sua rádio, ao contrário do que acontece no YouTube, as penalidades virão em forma de processo legal. Ou seja, você será acionado na justiça para dar seus esclarecimentos sobre uso possivelmente irregular de obra registrada. Sendo bem provável que você precise remover tais músicas da rádio e, talvez, precise pagar uma multa. 

Apesar da ameaça velada pela existência do ECAD, algumas ponderações podem ser feitas: a primeira delas é a aparente vista grossa feita pelo escritório a essa questão. Palpites para isso são vários... Dificuldade de fiscalização decorrente do número surreal de rádios online. São centenas de milhares delas em todas as partes do Brasil. Algumas dessas web rádios funcionam no modo amador, várias desenvolvidas em plataformas gratuitas e sem geração de receita, o que torna o fim sem meio, ou seja, o ECAD vai cobrar o que de quem não gera receita? E por fim, a própria dificuldade legal de justificar a cobrança. Para receber os direitos pelo uso da música, o escritório precisa provar a veiculação pública da obra e, embora pareça óbvio que é, nem toda web rádio apresenta essa veiculação pública. Pare e pense: Você não tem que pagar ECAD por ouvir música, certo? Aí se você compartilha um link de streaming com outra pessoa vai ter que pagar por isso? Afinal, quantas pessoas se conectam simultaneamente no seu link? Será que configura mesmo uma veiculação pública da obra? Enfim... É muito desgaste para justificar uma cobrança que, no fim das contas, vai acabar não podendo ser paga mesmo. É em função disso que a grande maioria das rádios online simplesmente não pagam ECAD e nunca saíram do ar. Mas atenção: há algumas condições nas quais o risco e a justificativa de cobrança aumentam. Vamos falar delas a seguir.

Se você colocar a sua web rádio para tocar dentro de um ponto comercial com fluxo regular de pessoas, isso caracteriza imediatamente a execução pública da obra. Além disso, essa exposição maior da sua programação facilita para que ela seja encontrada e consequentemente cobrada. Qualquer outro meio de execução pública da sua programação que se some à transmissão exclusiva da internet irá interferir aumentando sua necessidade de pagar pelo uso das músicas registradas.

E se você quiser pagar ao ECAD, o que precisa fazer? Quanto terá que pagar? Bom, tendo entendido que o risco de cobrança sobre uma simples web rádio que funciona exclusivamente na internet é quase nenhum, mas supondo que você seja um gato escaldado, com medo de água fria, você vai precisar procurar o escritório e avisar que tem uma web rádio. Aí vai explicar detalhes de seu uso e do uso das músicas, depois esperar o cálculo de sua taxa. Provavelmente eles irão calcular uma pequena fortuna mensal para que você pague. No momento em que esse texto é escrito, o cálculo aproximado para pagamento de ECAD para uma web rádio (estipulado pelo próprio escritório, não representando necessariamente o que é justo e avaliado por este autor) seria de R$ 4.000,00. (Quatro mil Reais). Eles tem uma "moeda própria" denominada UDA - Unidade de Direitos Autorais, e ela vale mais que o dólar! Detalhe: Você precisará disponibilizar relatórios mensais de tudo aquilo que toca na sua rádio. Para se ter uma ideia da dor de cabeça, algumas FM's tem um funcionário exclusivo para cuidar disso.

Compreendida essa questão, vamos ao lado técnico da coisa. Equipamentos e demais itens necessários para fazer uma rádio web, tome nota:

-Computador - Com as seguintes configurações (ou superior): Core i5 de geração recente, 8gb de memória, SSD e armazenamento de 1tb. O custo de um computador completo com essas características, orçado na data deste texto, está em torno de R$ 3.500,00.

-Placa de áudio - Literalmente qualquer uma USB

-Misturador de áudio (mesa de som) - Uma simples com ao menos duas entradas e duas saídas de áudio.

-Microfone de sua escolha

-Cabos de áudio

-Internet de boa qualidade (basta que seja estável, não caia toda hora)

-Um provedor de streaming - Aqui recomendo um bom e barato - É nele que você cria a conta para abrir uma web rádio.

Um detalhe que fará toda diferença é o ambiente onde você montará esses equipamentos. Quanto mais reservado e silencioso, melhor! Considere investir em algumas placas acústicas para por em paredes, especialmente de frente pro(s) microfone(s).

Outros equipamentos e melhorias podem ser incluídos em momentos posteriores, mas é garantido que apenas isso basta.

Equipamentos ok? Se você não faz ideia de como configurar uma transmissão, o e-book Guia Essencial da Web Rádio vai te ajudar. Sucesso!

O Sílvio Santos que há em nós

Todo locutor que põe uma web rádio no ar tem um pouco de Silvio Santos. O cara que comunica, gosta de se comunicar, se diverte com isso e empreende. Quanto mais a gente aumentar esse "pouco", mais a gente se aproxima do sucesso. No dia em que o Brasil amanhece com a notícia da morte dele, que é o maior comunicador de todos os tempos, venho gravar este vídeo para regar essa semente de Silvio Santos que você e eu do rádio temos plantada em nós.

Para encontrar as semelhanças, basta saber quem foi Silvio Santos. Um cara que escalou de camelô a empresário e fez do rádio um de seus degraus. Vendendo, era comunicativo e persuasivo, pro rádio (o meio de comunicação forte da época) foi um pulo. Fez um teste e passou com folga. Viu, enquanto jovem, o surgimento da TV no Brasil e alçou sua carreira de um veículo ao outro. Quando a criatividade não coube sob a direção de terceiros, foi atrás de fazer seu próprio veículo de comunicação e lá passou a conduzir suas atrações do modo que bem entendia. E ele entendia muito bem! 

Quantos web radialistas fizeram suas próprias rádios pra entrar num ambiente que já lhe fechou portas?

Em quantas dessas frases ou características, você (comunicador) se viu? Se viu fazendo um teste pra rádio? Fazendo o seu próprio canal de comunicação (no caso online)? Se viu vendendo? Enfim... Aqui eu não tô traçando comparativos de proporção. Claro que Silvio Santos fez tudo isso com maestria, era exímio em todas essas artes (da comunicação, da venda, da apresentação, do empreendedorismo, etc). Mas, se no Silvio Santos, todos esses atributos eram árvores gigantescas de muitos frutos... Em nós, pequenos sonhadores, tem que haver, no mínimo, sementes dessas árvores. 

Ninguém quer ter um programa de rádio se não tiver o que comunicar, se não se sentir um comunicador. E quando você coloca a sua própria rádio no ar, você começa a pensar como um gestor de ideias, um cara que vai criar programas, elaborar programação, analisar resultados. E quem fazia tudo isso tão bem enquanto participava dos processos? O cara que apresentava o próprio programa e gerenciava os demais. Se fosse no SBT era Silvio Santos, mas se for na sua web rádio, é você! O ícone dessa função era ele. Você já pensou em ser o cara da sua web rádio? Você já é? Você fez ela pra isso?

Então mais do que os traços de um locutor, que Silvio Santos também tinha, você tem outras das características que faziam dele o show man que a gente conheceu. Essas características estão tão aperfeiçoadas quanto nele? De certo, não! Mas não é errado buscar encurtar a distância entre o profissional que há em você e o profissional que existiu em Silvio Santos.

Pergunte-se o que ele fazia que você pode fazer. Eu, Johnny, não quero programa de auditório na TV. Mas tirando isso, posso correr atrás do resto. Claro que não vou ter o mesmo carisma, aliás ninguém terá. E aqui é a constatação mais dolorosa da perda de um ícone como ele, é a certeza dessa lacuna impreenchível. Não tem outro Jô, não tem outro Silvio, não tem outro Pelé e por aí vai... Mas algumas das características a gente consegue sim absorver e adiciona a elas nossa própria impressão, afinal também não há outro de nós. Mas afinal, que características são essas que nós podemos incorporar? Vamos lá:

No trabalho de comunicação, a autenticidade e a alegria. Ele dominava a arte de falar sorrindo, de transmitir leveza. Treina isso! Se dirigir com igualdade a todos. Inclusive chamava as pessoas do auditório de colegas. As colegas do auditório. Repara que ele chamava alguém que estava lá e interagia com aquela pessoa da mesma maneira que ele interagia quando recebia um artista. Não havia altos e baixos na comunicação de Silvio Santos. Parecia íntimo ou colega de todos. Você consegue isso? Leva isso à beira da perfeição? Quanto mais perto disso, mais de Silvio Santos há em você.

No trabalho de gestão, adapte um conceito à sua realidade: Silvio Santos criou um grupo com seu nome. O grupo Silvio Santos. Aliás, ele criou o próprio nome... Estamos falando do Senor Abravanel. E se o nome não era bom pros negócios, ele foi bom em criar outro. A TV S abriu caminhos para um homem de negócios que, além da TV empreendeu em vários outros segmentos. Quem diria que um comunicador iria abrir uma empresa de cosméticos, né? Mas tudo é parte do grupo Silvio Santos. Ele era o cara, ele é a marca!

Quando falo de adaptar à nossa realidade, nossos negócios estão online, é aqui que a gente abre uma rádio, um canal...

Você já olhou como é o nome do meu canal? Sim, João Rocha! Você já conhece meu site? joaorocha.com. Você sabia que eu sou MEI, e sendo MEI eu sou a empresa. Eu vivo um conceito adaptado de Silvio Santos. Não tenho um grupo, mas eu agrupo ideias sobre uma marca e essa marca sou eu! Claro, eu não tinha dinheiro pra fazer um grupo de comunicação. Mas eu comprei um domínio na internet, fiz um canal no YouTube, fiz uma web rádio e virei uma empresa. Eu não pareço e eu estou muito longe de Silvio Santos, mas me inspiro no modelo de sucesso. Eu tenho que me fazer grande! João Rocha que descobriu o poder da comunicação, não pode ser apenas um cara. Eu sou uma marca. E o modelo de gestão mais bem sucedido que eu conheço se chama Silvio Santos! Minhas ambições são bem menores do que as dele e, eu não vou tentar correr pra chegar onde ele chegou. Mas o pouco que eu espero trilhar, é pela mesma rota.

O comunicador que há em mim, tem inspiração nas características dele, o dono de web rádio, apresentador de rádio, apresentador de YouTube, tem inspiração nele. Não à toa, a primeira voz que eu guardei quando aprendi a manipular a clonagem, foi essa daqui. É uma referência icônica, inigualável, mas necessariamente imitável ao meu ver. Se Silvio Santos não for sua referência, nobre comunicador, você joga fora a chance de começar o caminho pela estrada certa.

Já pensou em fazer sua marca em volta do seu nome? Valorizar sua pessoa em cima de serviços ou produtos? Já pensou que para o comunicador independente Silvio Santos deve ser a maior referência?

Tivemos o privilégio de sermos contemporâneos dessa lenda. De ver ele em ação. Nossos filhos e netos o conhecerão apenas pelo imaginário, pelo que se contará, pelo que ficou gravado. Mas nós que aqui estamos em agosto de 2024 testemunhando o fim dessa era, temos a chance de alimentar em nós algo grandioso a partir do que pudemos aprender! Morre o homem, nasce uma lenda. E nós seremos o berço dessa lenda.

Viva o Silvio Santos que há em nós!

Web Rádio não é rádio?

Web rádio é uma coisa, rádio é outra. As duas caminham juntas, mas o fato de você andar com alguém não te transforma na outra pessoa. O mesmo princípio se aplica, é preciso respeitar as diferenças.

 Que diferenças são essas? Como aproveitar as características específicas da web e não cometer o erro de tentar se misturar com as FM's da sua cidade... É disso que a gente vai falar hoje!

Primeiro ponto a entender e admitir, é que qualquer rádio FM (que também está na web) tem vantagens sobre qualquer rádio exclusivamente online. Tentar competir com ela seria como colocar uma motinha de 100 cilindradas para competir em força e velocidade com uma moto esportiva. Por que que eu falo especificamente em velocidade? Porque é um quesito no qual, a motinha vai perder sempre. Mas ao mesmo tempo não dá pra falar que a moto esportiva é melhor em tudo, porque simplesmente não é. Basta separar outro critério: economia. Pra economizar é muito melhor a motinha do que o motão. Agilidade no trânsito engarrafado, a menor leva vantagem de novo. Conforto, pasmem... Uma motinha pode ser mais confortável do que um motão! Enfim... 

Trazendo de volta a questão rádio FM x rádio online, quando eu falo que é necessário admitir que FM tem vantagens, a gente vai falar de audiência e comercio local. Nesses dois pontos, deixe sua web rádio fora da briga! FM nasce para a comunidade, vai ter informações locais, vai ter interatividade local, vai ter promoções locais, vai ser sintonizada nos rádios locais, vai ser conhecida na cidade. Afinal de contas, o rádio, mesmo sem a web, ainda é um veículo de comunicação de massa! 

Já a web rádio nasce pro mundo... Ela é concebida na origem como um serviço de streaming. Existe aquele streaming de áudio no mesmo formato do YouTube, onde a pessoa vai lá e escolhe o que vai assistir ou, no caso, escutar, num cardápio, como acontece no spotify. E tem as web rádios que entregam o prato feito. Não é o ouvinte que faz as playlists, mas você enquanto radialista faz e entrega pra sua audiência apreciar. 

Então veja bem: o modo de programar, é o mesmo do FM, mas a entrega do conteúdo programado acontece numa plataforma muito mais complexa. Por estar aqui, na internet, sua web rádio pode ser muito mais encarada como serviço de streaming do que uma rádio propriamente dita. Se você programar espelhado apenas no que as FM's fazem, a sobrevida na internet será curta. É uma tecla que eu vou bater novamente: sua rádio precisa ter um site e seu ouvinte tem que ser convidado para estar lá! O seu site será a sua plataforma de streaming, onde sua rádio também estará disponível.

Raciocina comigo: quando a pessoa abre um aplicativo como o radiosnet ela vai ouvir apenas rádio! Talvez ela entre no app procurando uma rádio de sua própria cidade, que ela prefere ouvir no app do que no dayon. Mas, se ela vai no seu site, ela pode encontrar as tops da programação num player separadinho lá pra ouvir. Então se a pessoa entrou no site afim de ouvir um determinado hit e ele tá lá pronto pra dar o play, ela pode ouvir no seu site  antes mesmo de começar a ouvir sua rádio. Se você apresenta um programa semanal (por exemplo) e pega a gravação desse programa e faz upload no formato podcast, a pessoa pode ir lá na sua página e ouvir o programa na hora que ela quiser. Se você tem um canal no Youtube e faz uma lista dos seus vídeos no site da sua rádio, ela tem um "Netflix" do seu conteúdo, pra escolher lá no site. E em paralelo a tudo isso, sua rádio estará lá tocando em tempo real no player com a programação que você fez. Sem contar, que no seu site ainda há meios de interatividade (pra pedir uma música, mandar um alô, seja lá o que for). Aí você vai estar competindo com os serviços de streaming. Você será um gerador de conteúdo na internet.

Percebe que a web rádio é só a cereja do seu bolo? Ela completa um canal de comunicação seu na internet. Pode até ser a cabeça dos seus projetos virtuais, dar nome à sua marca. Ou seja, a partir da sua web rádio, você dá o nome para uma fan page no facebook, um perfil no instagram, o site onde as pessoas vão te encontrar, seu canal no youtube e tudo mais. Então, por exemplo: você criou uma web rádio de músicas antigas (que é um segmento de tendência muito forte, tem público pra isso), aí você deu o nome de Nostalgia Web... Pronto. A partir daí, do nome da sua rádio, você vai fazer o Instagram Nostalgia Web, a fan page Nostalgia Web, o canal no Youtube Nostalgia Web, o site Nostalgia Web.com, etc. A rádio é o mote. Ela será o único desses cnais que estará 24h gerando programação, mas a marca Nostalgia Web estará distribuindo conteúdo constantemente em todas as plataformas virtuais. Podcast, vídeo, notícia no site, posts no instagram. Uma verdadeira engrenagem online. E aí vc percebe que o que tá aqui é muito mais web do que rádio. A rádio que nasceu rádio (FM) pode ou não fazer tudo isso, agora a Rádio que nasceu web, TEM que fazer isso!

Ela é muito mais Web do que rádio, não é mesmo? Agora me diz, como você encara web rádio? Me conta quais as suas percepções sobre essa dinâmica. Tem sugestões e perguntas? Manda aí! Vai ser um prazer ler e responder a você.